e-a d m i n i s t r a ç ã o projetos premiados Portal permite troca de experiência entre técnicos do governo T écnicos, funcionários públicos, acadêmicos e cidadãos ganharam um espaço para conhecer os projetos premiados de TI no governo: o Observegov (Observatório de Práticas de Tecnologia da Informação e Comunicação na Gestão Pública). A idéia do portal é ser um local para disseminar as boas práticas e para a troca de experiência e informações entre os funcionários que instalam informática e telecomunicações nos órgãos públicos. Para isso, será mantido um fórum virtual com pesquisadores, colaboradores e visitantes. “As pessoas desconhecem o que o governo faz usando tecnologia”, diz Maria Luiza Costa Pascale, técnica e coordenadora do projeto da Fundação do Desenvolvimento Administrativo do Estado de São Paulo (Fundap). “Às vezes, nem integrantes do próprio governo sabem.” O Observe-gov foi desenvolvido pela Fundap em parceria com o Instituto Conip e a Fundação Instituto de Administração (FIA). Entrou no ar em Observe-gov Nome do órgão: Fundação do Desenvolvimento Administrativo do Estado de São Paulo (FUNDAP). Site: www.observe.org.br. Parceiro de implementação: Instituto Conhecimento, Inovação e Práticas de Tecnologia da Informação na Gestão Pública (Conip) e Fundação Instituto de Administração (FIA). Orçamento do projeto: R$ 150 mil. Usuários: funcionários públicos, acadêmicos e população em geral. Fornecedores: aproveitados equipamentos já existentes na FIA. Fases do projeto: uma. Data de término do projeto: maio de 2006. Principais benefícios do projeto: interação e troca de experiências em práticas de TI no governo e visibilidade dos projetos. 34 maio de 2006. A idéia de criar o portal partiu das necessidades simultâneas da Fundap e do Conip. Queriam montar um arquivo organizado com os projetos de TI vencedores dos prêmios Mário Covas (Fundap) e Conip de Excelência (Conip). Cada uma tinha sua forma de armazenar os projetos, mas eles eram agrupados apenas por anos e sem nenhuma outra forma de pesquisa. “Não era uma base de dados, e sim repositórios de arquivos.” Com o Observe-gov, os trabalhos foram organizados e podem ser pesquisados por tema ou pelo setor da administração. Os técnicos da FIA desenvolveram o sistema de busca e organizaram as bases de dados. O Observe-gov foi desenvolvido internamente, ao longo de seis meses, a partir de ferramentas já existentes no portal da FIA. Organizar o material, fazer a indexação por palavra-chave de cada projeto e estabelecer os cruzamentos de pesquisa foram as principais dificuldades dos técnicos envolvidos no projeto. “Tivemos que migrar as informações e completar o que era necessário para fazer buscas eficientes.” No total, os trabalhos duraram um ano e meio até o portal ir ao ar. As três instituições gastaram R$ 150 mil. Base de excelência Atualmente, estão disponíveis no Observe-gov os projetos que participaram do Prêmio Mário Covas (desde 2004), do Excelência em Governo Eletrônico da Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Tecnologia da Informação (desde 2003), e do Prêmio Ceará de Governo Eletrônico (de 2004), além dos finalistas no Prêmio Conip de Excelência. Para acessar o portal, o usuário precisa se cadastrar. Atualmente, 548 pessoas estão cadastradas e acessam o portal, em média, 570 vezes por mês. Os números, diz Maria Luiza, equivalem aos de outros observatórios estrangeiros. Para o futuro, os responsáveis pelo Observe-gov planejam aumentar o número de projetos e de instituições que promovem a troca de conhecimento; divulgar o endereço como uma referência para o setor e aumentar a interatividade do portal. e-a d m i n i s t r a ç ã o projetos premiados Um banco de dados ajuda o prefeito de Franca a tomar decisões A hamilton penna prefeitura da cidade de Franca, no interior de São Paulo, enfrenta um problema comum das administrações públicas: excesso de informações espalhadas por órgãos desconectados entre si e, conseqüentemente, falta de informações para ajudar nas decisões administrativas. Com o intuito de promover uma visão mais adequada sobre a qualidade dos serviços públicos, a satisfação dos 400 mil munícipes e descobrir as demandas da população nas diversas regiões da cidade, Jean Richard Lima, diretor de TI da prefeitura, criou o SIIMU, um sistema integrado de informações municipais. Jean trabalhou na iniciativa privada e por isso não se adaptou ao achômetro que balizava o processo de decisão para as ações da prefeitura. Seu objetivo é melhorar a gestão municipal, tendo como base a integração das informações dos órgãos que têm impacto direto na vida dos cidadãos. A idéia do SIIMU é simples: criar um banco de Sistema Integrado de Informações Municipais – SIIMU Jean: a prefeitura tomava decisões na base do achômetro. Nome do órgão: Prefeitura Municipal de Franca. Site: http://www.franca.sp.gov.br. Parceiro de implementação: José Roberto Rinaldi Junqueira (consultoria). Orçamento do projeto: servidores (R$ 40 mil); desktops (R$ 20 mil); consultoria (R$ 30 mil); total: R$ 90 mil. Usuários: Secretarias do Desenvolvimento Humano e Assistência Social, Educação e Saúde e Executivo Municipal. Fornecedor: José Roberto Rinaldi Junqueira (consultoria). Fases do projeto: Três. Desenvolvimento e instalação do sistema; treinamento dos usuários; instalação do sistema de geoprocessamento. Data de término do projeto: final de 2008. Principais benefícios do projeto: melhor distribuição e organização das informações sobre os munícipes; ajuda na tomada de decisões. 36 dados com informações colhidas nos pontos de contato dos cidadãos com os serviços municipais; e levantar as principais demandas da população de Franca. Toda vez que um cidadão usa um serviço municipal, as informações são guardadas num banco de dados centralizado. Com isso, os gestores da prefeitura de Franca podem cruzar os dados e apurar se uma região da cidade precisa de mais escolas ou de postos de saúde, ou em quais regiões da cidade os moradores dependem mais de programas sociais. Apoio do prefeito O SIIMU foi implementado com o auxílio das secretarias da Educação, Saúde, Desenvolvimento Humano e Assistência Social; e também usa informações fornecidas pelo IBGE e pelo governo estadual. Os postos de atendimento à população dessas secretarias receberam um sistema para coletar as informações da população – desenvolvido em parceria com o consultor José Roberto Rinaldi Junqueira. O sistema permite o cadastramento das famílias da cidade. “Ainda estamos longe do término do trabalho”, diz Jean. Falta terminar de treinar 150 funcionários das secretarias e integrar o sistema a uma solução de mapa digital. Em dois anos de andamento do projeto, a prefeitura gastou R$ 30 mil na consultoria (somente o transporte do consultor, de São Paulo a Franca) e mais R$ 60 mil na compra de dois servidores e de alguns micros de mesa. Com o sistema de mapa digital, a prefeitura deve gastar mais R$ 2,5 milhões. Como a iniciativa favorece a administração municipal e não aumenta os gastos de TI, Jean ganhou o apoio do prefeito, Sidnei Franco da Rocha.Uma das maiores dificuldades, diz Jean, tem sido convencer os funcionários públicos a mudar suas ações rotineiras e usar corretamente o sistema, pois só assim ele trará benefícios para todos. Um detalhe: a prefeitura não pagou integralmente pela consultoria porque fez um trato com o consultor baseado no risco do projeto – que nunca foi adotado em outra administração municipal. e-a d m i n i s t r a ç ã o projetos premiados Um sistema para a Prefeitura de Santos controlar as escolas O divulgação s funcionários da Secretaria de Educação de Santos, Seduc, até 2005, usavam basicamente papel para o trabalho do dia-a-dia. Sem sistemas, eles tinham pouco controle das tarefas administrativas e, principalmente, do número de vagas nas creches municipais. Tinha mãe que pedia vaga em até quatro creches para garantir um lugar para o filho. Hoje nenhuma mãe precisa ter essa preocupação. O pessoal da Seduc ganhou o Sistema Integrado de Gestão Escolar, o SIGES, colocado em operação no início de 2006 para cuidar da administração das escolas. O SIGES foi desenvolvido pela equipe de Ronaldo Vieira Lima, coordenador de TI do departamento de modernização administrativa e gestão de TI (um órgão da Prefeitura de Santos), em conjunto com a empresa pública de TI de Santos, a Prodesan. Quatro analistas de sistemas, um analista de organização e métodos e mais cinco estagiários gastaram seis Sistema Integrado de Gestão Escolar - SIGES Ronaldo: sem o sistema, a prefeitura achava que tinha poucas vagas nas creches. Nome do órgão: Prefeitura Municipal de Santos. Site: www.egov.santos.sp.gov.br/SIGES. Parceiro de implementação: Progresso e Desenvolvimento de Santos - Prodesan. Orçamento do projeto: R$ 250 mil no desenvolvimento. Não houve compra de hardware; banco de dados único. Usuários: Secretaria de Educação e funcionários de escolas públicas. Fornecedores: foi aproveitada a infra-estrutura existente. Fases do projeto: estudo e desenvolvimento (fevereiro de 2005); implantação do modo de gerenciamento de alunos (maio de 2006); senhas de acesso para pais e alunos (2008); e-mail para estudantes (2008); integração com a rede pública da saúde, da assistência social e do estado (2008). Data de término do projeto: final de 2008. Principais benefícios do projeto: controle da demanda de vagas nas creches e escolas, integração com a Secretaria de Educação, aumento de produtividade dos funcionários. 38 meses e R$ 250 mil para construir o sistema. Além da Secretaria de Educação, o SIGES é usado pelos funcionários administrativos das 73 escolas e unidades de ensino municipais de Santos. Quando uma mãe solicita uma vaga para o filho em uma creche, esses funcionários registram o pedido no SIGES. Não adianta a mãe tentar uma vaga em outra creche: o SIGES indica que a vaga já foi reservada. Antes, quando o registro dos pedidos era feito a mão pelos funcionários da escola, a mãe inchava a demanda. “A prefeitura achava que tinha pouca vaga e mandava alguns alunos para creches filantrópicas.” Com o SIGES, os funcionários da Secretaria de Educação de Santos melhoraram a administração dos 35 mil alunos da rede de ensino. Eles sabem com precisão o número de uniformes que devem pedir ao fornecedor. Além disso, controlam melhor os custos das escolas, porque usam o computador e o SIGES em lugar de papel. O fim das filas O SIGES resolveu outro problema crônico da Secretaria de Educação de Santos: o pedido de transferência de professores de uma escola para outra. “A transferência dos professores era feita em uma data marcada”, explica Ronaldo. “Eles ficavam um dia inteiro em uma escola para solicitar a transferência e organizar os papéis necessários.” Este ano, o processo foi feito pelo SIGES. Os professores pediram todos os documentos, incluindo seu histórico profissional, pelo sistema -- sem filas. Atualmente, por volta de 200 funcionários das escolas alimentam o SIGES com informações diárias. E o pessoal da Secretaria de Educação pode ler essas informações em tempo real. Isso deixou mais rápida a comunicação entre as unidades de ensino e a secretaria. Os funcionários das escolas não precisam mais digitar as informações para enviá-las por e-mail à secretaria. Uma economia de tempo “incalculável”. Ronaldo quer expandir o uso do sistema. Vai permitir que 3.500 professores digitem as notas das provas. Depois, vai permitir que alunos e pais consultem as notas e as faltas pela Internet. e-ad m i n i s t r aç ã o Comunicação mais rápida entre a Justiça e os presídios F uncionários da Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe) e do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul trocavam 7 mil documentos por mês, em três vias, para controlar os 15 mil internos nos presídios da grande Porto Alegre. Diariamente, um funcionário da Susepe ia até o fórum central deixar os papéis que precisavam do parecer do juiz. O funcionário aproveitava para pegar os documentos emitidos pelas varas criminais que deveriam ser encaminhados para a Susepe. No fórum, alguém tinha de separar os papéis vindos da Susepe e entregar para os responsáveis nas varas. Na Susepe, alguém tinha de separar os papéis vindos do fórum e entregar para os responsáveis. O processo de separação levava até dois dias. É muito tempo para um preso que espera uma mudança no regime penal. A pedido da corregedoria, os técnicos da Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul, Procergs, foram chamados para apresentar uma solução que agilizasse a interação entre os dois órgãos. Foi dessa maneira que a equipe de Martha Luciana Bueno Pires, chefe do atendimento ao Tribunal de Justiça na Procergs, começou a desenvolver o PEC Virtual. O PEC Virtual é um programa de integração entre o Judiciário e o Executivo. “Para realizar um trabalho que envolve dois órgãos, deve haver vontade política. E isso foi simples, pois as duas partes tinham muita vontade de desburocratizar o processo.” Com a questão política resolvida, a equipe da Procergs tinha de desenvolver um sistema que fizesse a comunicação entre os servidores IBM, do Tribunal da Justiça, e o servidor Unisys, da Susepe. O PEC Virtual foi feito em duas etapas: a primeira foi o desenvolvimento do sistema para que os funcionários das varas de execução criminal pudessem gerar documentos para a Susepe (dois meses de duração); a segunda foi o percurso contrário, da Susepe para as varas (mais dois meses). Em setembro de 2007 tudo funcionava. Hoje o pessoal da Susepe e do tribunal gera o ofício pelo sistema, confere e libera o documento, que é enviado eletronicamente de um a outro órgão. O funcionário do outro órgão recebe e grava as informações do ofício, e o sistema emite um aviso de recebimento para o remetente. Fim do vai-e-vem O PEC Virtual foi desenvolvido por dois analistas e três programadores da Procergs. É usado por pelo menos 20 funcionários do Tribunal de Justiça, além dos funcionários da Susepe. O programa gerou três economias. Primeiro, evita a impressão de 7 mil documentos, quase todos em três vias. Segundo, de horas de trabalho por funcionário, já que ele não perde mais tempo com deslocamento entre um órgão e outro, e nem com a triagem dos papéis. Terceiro, de tempo de execução da tarefa. Se um juiz ou um funcionário levava dois minutos para imprimir e assinar cada um dos 7 mil documentos (234 horas por mês); com o sistema, as decisões são cumpridas instantaneamente. divulgação PEC Virtual – Integrando o Judiciário e o Executivo Nome do órgão: Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul – Procergs. Site: não tem. Parceiro de implementação: sistema desenvolvido internamente, com o apoio do Tribunal de Justiça do RS. Orçamento do projeto: não houve custo adicional. Usuários: varas do Tribunal de Justiça e a Susepe. Fornecedores: IBM e Unisys (servidores já existentes). Fases do projeto: implementação (setembro de 2007) e certificação digital (sem previsão). Data de término do projeto: setembro de 2007, em Porto Alegre. Martha: a troca de papéis entre a Susepe e o fórum levava até dois dias. Principais benefícios do projeto: economia por volta de R$ 20 mil anuais com papel, agilidade no processo e na triagem de documentos. 39 e-a d m i n i s t r a ç ã o projetos premiados Fim dos livros de registro nas delegacias O divulgação s escrivães de polícia (que controlam e inscrevem os inquéritos nos cartórios das delegacias) até este ano preenchiam uma série de livros de registro para cada ocorrência policial. Cada delegacia tinha um padrão de anotações e um monte de livros guardados. Se o escrivão faltava ao trabalho, o delegado não conseguia encontrar a informação sobre um inquérito qualquer. No Rio Grande do Sul, os escrivães começaram a usar processos eletrônicos. Os técnicos da Companhia de Processamento de Dados do Estado do RS (Procergs) desenvolveram o Sistema de Polícia Judiciária, o SPJ, a pedido da polícia civil. O programa informatizou e padronizou todas as anotações dos escrivães da polícia. Agora, se ele faltar, o delegado consegue encontrar sozinho as informações, pelo computador. O SPJ foi desenvolvido, no segundo semestre de 2006, por um gerente de projetos, um analista de sistemas, um projetista de software e quatro SPJ – Sistema de Polícia Judiciária Nome do órgão: Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rido Grande do Sul – Procergs. Site: não tem. Parceiro de implementação: departamento de informática da Polícia Civil. Orçamento do projeto: R$ 150.050,00 no desenvolvimento e R$ 17.400,00 na implantação. Usuários: delegacias e corregedorias de polícia. Fornecedores: Oracle (banco de dados), Unisys (servidor), BEA Systems (servidor de aplicativos), Borland, Sun e Microsoft. Fases do projeto: Estudo preliminar (2005); implementação em duas delegacias e uma corregedoria (2006); expansão para outras delegacias (2007); instalação em outras cidades (sem previsão). Data de término do projeto: indeterminado. Principais benefícios do projeto: cadastro padrão e acompanhamento dos procedimentos policiais, geração automática e armazenamento dos documentos. Daniel: o programa informatizou e padronizou as anotações dos escrivães. 40 programadores. Segundo Daniel Elizeire Silveira, chefe do setor de justiça e segurança da Procergs, foram gastos R$ 157 mil no desenvolvimento e R$ 17,4 mil em treinamentos para os funcionários das delegacias. Investigações mais rápidas Além de organizar os processos, o SPJ permite que o delegado mande as informações da delegacia para a Secretaria de Segurança Pública bem mais rápido. Com todos os processos cadastrados no sistema, diz Daniel, os investigadores também conseguem levantar mais informações e estatísticas de procedimentos em menos tempo. Atualmente, o sistema está instalado nos computadores de duas delegacias de Porto Alegre e de uma corregedoria de polícia. Daniel garante que até o final do ano mais duas delegacias terão o SPJ rodando em seus computadores. De acordo com ele, o projeto foi implementado aos poucos, pois a equipe da Procergs acompanha de perto a adaptação dos usuários ao sistema. Cada delegacia passa por um mês de treinamento antes de começar a usar o SPJ efetivamente. Daniel diz que o maior desafio enfrentado pela equipe da Procergs na implementação desse projeto foi identificar as diferenças de processos de trabalho entre cada delegacia. “Não eram muitas, mas existiam e era importante levarmos em conta.” Apesar da grande mudança no dia-a-dia da delegacia, Daniel diz que os funcionários não apresentaram resistência em adotar o SPJ. “De cara eles já reconheceram que o projeto facilitaria o trabalho.” O treinamento, segundo Daniel, foi reforçado para que os usuários não se deparassem com nenhuma situação que já não tivesse sido simulada. Hoje, 130 usuários estão capacitados para trabalhar com o sistema. Em 2007, eles registraram 6.750 procedimentos policiais. Depois da instalação do sistema em mais duas delegacias ainda este ano, a responsabilidade da Procergs termina. “Desenvolvemos o produto, mas as novas implantações e treinamentos serão coordenados pelo departamento de informática da Polícia Civil.” e-a d m i n i s t r a ç ã o projetos premiados Sabesp: compras em alta velocidade. T divulgação oda vez que precisavam comprar materiais ou contratar serviços, os funcionários da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) divulgavam o edital da licitação, esperavam pelas propostas, analisavam a papelada e conseguiam um espaço físico para realizar o leilão. Por mais de dez anos, eles tentaram agilizar o processo de compra. Os profissionais da Sabesp idealizaram um sistema eletrônico de compras: o Pregão Sabesp OnLine. O sistema foi desenvolvido em oito meses por três técnicos da Sabesp. No sistema, foram colocadas todas as etapas do processo de compra, desde o credenciamento dos fornecedores, os preços originais das propostas, a seleção dos fornecedores para a disputa, os lances, as negociações, as habilitações e os recursos, se existentes. O Pregão Sabesp OnLine entrou no ar em outubro de 2003. Por ele, os funcionários da Sabesp Pregão Sabesp OnLine Álvaro: entre 2003 e 2007, a Sabesp economizou R$ 178 milhões com o pregão eletrônico. 42 Nome do órgão: Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – Sabesp. Site: www.sabesp.com.br/licitacoes. Parceiro de implementação: Datacraft (monitoramento do ambiente web) e Certisign (certificação eletrônica) e Intel. Orçamento do projeto: monitoramento, R$ 140 mil; certificação digital, R$ 280 mil. Órgãos usuários: 23 unidades de negócios em São Paulo e 800 empresas licitantes. Fornecedores: foram aproveitados os recursos de hardware, software, servidores e hospedagem já existentes. Fases do projeto: colocação do pregão na Internet (outubro de 2003), monitoramento do site (agosto de 2005) e certificação digital (janeiro de 2007). Data de término do projeto: janeiro de 2007, com a certificação digital. Principais benefícios: agilidade do processo, transparência e facilidade de acesso do licitante. fazem as grandes compras de materiais, como hidrômetros e tubulações, e contratam serviços, como limpeza, manutenção e engenharia. Só a contratação de obras, diz Álvaro Manuel Santos Mendes, superintendente de suprimentos e contratações estratégicas da Sabesp, fica fora do sistema. Portal Seguro Os técnicos da Dimension Data medem a cada 30 segundos o tempo de resposta do site. Em média, ele deve ficar entre 1 e 2 segundos durante o pregão. “É importante que o sistema funcione perfeitamente, porque o pregão ganha gás e isso ajuda na redução dos preços.” Para garantir a autenticidade das transações, os profissionais da Sabesp adotaram a certificação digital. A implantação da ferramenta de certificação da Certisign no ambiente Notes envolveu 16 profissionais e demorou praticamente um ano. “Foi um momento crítico e umas das coisas mais difíceis de instalar.” Todas as empresas envolvidas nos pregões e os próprios pregoeiros possuem assinatura digital -- são cerca de 800 certificados. Os técnicos da Sabesp enfrentaram a barreira cultural. “Foi difícil convencer as pessoas de que o pregão eletrônico ia funcionar.” Segundo Álvaro, foram feitas várias reuniões e simulados de leilões com os fornecedores e as empresas licitantes. Uma equipe de suporte foi criada para esclarecer dúvidas e funciona até hoje. O Pregão Sabesp OnLine funciona nas 23 unidades de negócio da Sabesp espalhadas pelo estado de São Paulo. Boa parte da infra-estrutura de tecnologia existente nas unidades foi aproveitada. Com o Pregão Sabesp OnLine, a Sabesp eliminou o papel; os representantes das empresas interessadas não precisam se deslocar até o local do pregão; nem os funcionários da Sabesp precisam arrumar um local para fazer o pregão e as compras ficaram mais rápidas. e-ad m i n i s t r aç ã o Do usuário ciumento à transparência nas licitações O modelo de gestão descentralizado adotado pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) em 1995 trouxe um problema: padronizar os procedimentos das 23 unidades de negócios espalhadas pelo estado. Os técnicos da Sabesp tiveram a idéia de criar um sistema que armazenasse as informações e o fluxo de trabalho em cada tipo de licitação. Eles detalharam as fases dos processos de licitação, analisaram os documentos gerados, identificaram o padrão, estabeleceram uma seqüência lógica e as formas de controle. E desenvolveram o Sistema de Gerenciamento de Licitações (SGL). O sistema foi desenvolvido em Lotus Notes pela equipe de TI da Sabesp, coordenada por Álvaro Manuel Santos Mendes, na época gerente de TI. O trabalho começou em 1996, quando os técnicos da Sabesp tiveram de montar a infra-estrutura de TI do zero. Gastaram R$ 100 mil na compra de desktops; R$ 300 mil na instalação da rede e do sistema nas unidades de negócios e treinamento; e R$ 35 mil no projeto-piloto. Quando o SGL foi instalado, em 1997, Álvaro teve de resolver os “melindres” internos para o projeto ser bem sucedido. Isso porque os funcionários que usavam o sistema ganharam e-mails próprios -- coisa rara na época -- e os outros funcionários ficaram com ciúmes. Ao mesmo tempo, os usuários do sistema não sabiam trabalhar com informática e tiveram que aprender a lidar com programas como Lotus Notes, planilha eletrônica e editor de texto. Melindres internos Em 1998, a Sabesp começou a publicar na Internet os avisos de licitações; depois começou a cadastrar fornecedores e materiais; depois criou um banco de preços de materiais homologados; depois qualquer um podia baixar os editais de compra da Sabesp pela Internet. (Em papel, eles custavam R$ 500,00; na Internet, saíam de graça.) Em 2000, a Sabesp foi a primeira empresa pública do Brasil a fazer compras pela Internet. Com o SGL, todos na empresa podem consultar as licitações em andamento e visualizar as compras passadas. A Sabesp também paga menos pelos produtos, por causa do cadastro de preços e pelo fato de grandes compras, como as de hidrômetros, serem feitas em conjunto. Em agosto de 2002, a Sabesp contratou a consultoria PricewaterhouseCoopers para avaliar e conceder o selo de segurança para seu ambiente de e-procurement. No mesmo ano, foram implementados o convite eletrônico e o pregão presencial -- substituído pelo eletrônico menos de um ano depois, em outubro de 2003. Depois, os técnicos da Sabesp conseguiram o atestado de conformidade técnica na Internet, instalaram o monitoramento do site e, em janeiro de 2007, a certificação digital. Atualmente, o sistema processa entre 800 e 900 licitações por mês. Em setembro de 2007, eram 945, totalizando R$ 3,2 bilhões. Sistema de Gerenciamento de Licitações - SGL Nome do órgão: Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – Sabesp. Site: www.sabesp.com.br/licitacoes. Parceiro de implementação: Dimension Data (monitoramento do ambiente), Certisign (certificação digital) e Intel. Orçamento do projeto: R$ 1.039.000,00 Usuários: 23 unidades e 400 profissionais. Fornecedores: a infra-estrutura original foi substituída e máquinas já existentes foram aproveitadas. Fases do projeto: módulo de licitações, cotações eletrônicas, cadastro de fornecedores, cadastro de materiais, cadastro de preços, publicação de editais na Internet; e-procurement, convite eletrônico, pregão eletrônico, monitoramento e certificação digital. Data de término do projeto: janeiro de 2007. Principais benefícios: padronização de procedimentos, transparência das informações, agilidade, redução de preços em grandes compras. 43 e-a d m i n i s t r a ç ã o projetos premiados Minas economiza com a padronização das compras D divulgação epois de zerar o déficit orçamentário (que em 2001 estava em R$ 1,3 bilhão), o governo do estado de Minas Gerais quer economizar R$ 90 milhões para os cofres públicos até julho de 2008. Fará isso gerenciando melhor as compras. Sem controle nas compras, diz Renata Vilhena, secretária de planejamento de Minas Gerais, acontecia o “absurdo dos absurdos”. Como não havia critério para a compra de canetas, por exemplo, cada um dos órgãos da administração pública comprava o que queria, quase sempre a preços elevados. “Imagine o desperdício quando se tratava da compra de itens mais caros, como computadores.” Para resolver a questão, o estado de Minas Gerais investiu na gestão estratégica de suprimentos (GES). Com consultoria da Accenture, a secretaria mapeou e organizou os processos de compras. A consultoria Accenture, de acordo com Renata, Gestão Estratégica de Suprimentos - GES Nome do órgão: Secretaria de Estado de Planejamento do Estado de Minas Gerais. Site: www.mg.gov.br. Parceiro de implementação: Accenture. Orçamento do projeto: R$ 2,4 milhões. Usuários: órgãos da administração pública estadual. Fornecedor: Accenture (metodologia), Microsoft e Business Object. Fases do projeto: cinco. Inventário das necessidades de compra; identificação das famílias de produtos; especificação dos itens; organização dos processos; e implantação e/ou melhoria dos sistemas de compra. Data de término do projeto: indeterminada. Principais benefícios do projeto: geração de receita superavitária estimada em até R$ 90 milhões no primeiro ano (julho de 2007 a julho de 2008), para aplicação em projetos de cunho social. Renata: sem apoio do governador, as reformas não avançariam. 44 forneceu a metodologia denominada Strategic Sourcing, utilizada para identificar as famílias de produtos e serviços para compra pelo governo mineiro. Os técnicos também levantaram detalhadamente as necessidades de produtos e serviços em áreas estratégicas do governo. Depois, especificaram cada um dos itens, criando modelos padronizados para cada tipo de compra. E por último instalaram um modelo eletrônico de compras. O projeto GES, orçado em R$ 2,4 milhões e instalado em julho de 2007, abrange as áreas de saúde (medicamentos básicos e refeições hospitalares), obras (incluindo o programa de recuperação de rodovias estaduais), defesa social (refeições para delegacias e penitenciárias), governança eletrônica (equipamentos de informática e impressão) e educação (material de escritório e consumíveis). Mais dinheiro para o social Renata lembra que o processo de arrumar a casa vem de longe, desde 2004, quando o governo de Minas zerou o déficit orçamentário, que vinha desde 2001. Com essa economia, os secretários do governo de Minas Gerais tiveram mais dinheiro para investir em ações sociais realizadas pelo estado no ano de 2003. Porque o governador, com mais dinheiro em caixa, aumentou em 400% a verba destinada para os projetos sociais, explica Renata. Mas foi na atual administração que o projeto GES se consolidou. Nos primeiros seis meses do projeto, a economia já passava de R$ 40 milhões. O sucesso, diz Renata, se deve ao apoio do governador. “Reformas desse tipo não vão adiante sem o apoio, porque desagradam a muita gente.” Renata diz que Minas Gerais é o único estado brasileiro autorizado a usar o próprio sistema de gestão para administrar dinheiro emprestado pelo Banco Mundial -- cujas regras de auditoria são rígidas. e-ad m i n i s t r aç ã o Pregões presenciais padronizados D os mais de 70 mil pregões realizados anualmente pelo governo do Estado de São Paulo, em compras cujo valor é superior a R$ 30 bilhões, apenas 30% são eletrônicos. Os 70% restantes ainda continuam na forma presencial: os interessados precisam ir até o local marcado para a entrega, a abertura e a análise das propostas. Para reduzir em 19% os custos envolvidos no pregão presencial, a equipe de Roberto Agune, coordenador do Grupo de Apoio Técnico à Inovação (Gati) da Secretaria de Gestão Pública do Estado de São Paulo, planejou o Sistema de Acompanhamento do Pregão Presencial (SAPP). O SAPP foi idealizado para melhorar os processos e a negociação com os fornecedores no pregão presencial. “O pregão presencial”, diz Agune, “exige muito mais atenção para evitar distorções.” O SAPP tem cinco objetivos: estabelecer um padrão de conduta nas sessões públicas; garantir a transparências dos processos; dar mais segurança aos pregoeiros e equipes de apoio; respeitar a naturalidade da comunicação oral; e agilizar os procedimentos com a criação de rotinas. Transparência nas operações Atualmente, o Sistema de Acompanhamento do Pregão Presencial é usado por cerca de 6 mil pregoeiros do estado e por equipes de apoio. Segundo Agune, com o SAPP, o governo do estado oferece transparência às operações, uma vez que o sistema registra e mantém visível para todos os envolvidos o estágio em que cada negociação se encontra ao longo do processo do pregão. O SAPP foi desenvolvido pelo Gati em parceria com os técnicos da empresa de tecnologia do Estado de São Paulo (Prodesp) e da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, a Sabesp. O sistema foi desenvolvido de tal forma que suporta o cadastro das micro e pequenas empresas fornecedoras do estado. Para fazer o sistema, os técnicos da Prodesp, da Sabesp e do Gati, mapearam os processos em cada fase do pregão e como cada pregoeiro se comportava. O maior desafio, diz Agune, foi padronizar os processos falados, nos quais nada ficava registrado por escrito. Nesses processos, diz Agune, imperavam a criatividade e a tendência natural das pessoas para a improvização. Para garantir o uso adequado da ferramenta, diz Agune, mais de 6 mil pessoas receberam o treinamento. Em um ano, a equipe do Gati distribuiu 7 mil cópias gratuitas do aplicativo para os órgãos públicos do Estado de São Paulo interessados em modernizar os processos de pregão presencial. divulgação Sistema de Acompanhamento do Pregão Presencial - SAPP Nome do órgão: Secretaria de Gestão Pública do Estado de São Paulo. Site: www.pregao.sp.gov.br. Parceiro de implementação: Prodesp (Empresa de Processamento de Dados do Estado de São Paulo) e Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). Orçamento do projeto: não informado. Usuários: 6 mil pregoeiros. Fornecedores: Intel (processadores), Microsoft (sistema operacional) e IBM (Lotus Domino R5, software de colaboração, correio eletrônico e servidor de aplicativos). Fases do projeto: é a quarta etapa do projeto de modernização das compras do Estado de São Paulo. Data de término do projeto: 2006. Principais benefícios do projeto: controle do perfil dos fornecedores; combate às fraudes. Agune: o pregão presencial exige mais atenção para evitar distorções. 45 e-a d m i n i s t r a ç ã o projetos premiados Os pregoeiros aprendem a usar o pregão eletrônico O divulgação s pregões eletrônicos se tornaram obrigatórios por lei no Estado de São Paulo a partir de janeiro de 2007. Só este ano, o estado economizou 28% com as compras públicas usando o pregão eletrônico. Mas o resultado seria melhor se os pregoeiros soubessem usar o sistema. Segundo Marco Antonio Monteiro, secretárioadjunto da fazenda, dos cerca de 6 mil pregoeiros do estado, apenas 1.300 estavam familiarizados com os meios eletrônicos. Isso porque os cursos ministrados pelo estado visavam apenas os pregoeiros de pregões presenciais -- modalidade que prevalece em 70% das compras. De janeiro a outubro de 2007, a Escola Fazendária do Estado de São Paulo (Fazesp) e a Coordenadoria de Entidades Descentralizadas e de Contratações (Cedec) formaram mais de 600 profissionais em pregões presenciais, em 26 cursos. No entanto, as aulas não se aplicavam ao pregão Curso de Pregão Eletrônico a Distância Marco: economia de R$ 477.800,00 com aulas pela Internet. 46 Nome do órgão: Secretaria de Fazenda do Estado de São Paulo. Site: www.fazenda.sp.gov.br. Parceiros de implementação: Procuradoria Geral do Estado de São Paulo; Corregedoria Geral da Administração; Fundação do Desenvolvimento Administrativo e Fundação Vanzolini. Orçamento do projeto: R$ 154 mil. Usuários: pregoeiros do Estado de São Paulo. Fornecedor: Telefonica Empresas. Data de término do projeto: outubro de 2007. Principais benefícios do projeto: capacitação dos pregoeiros no sistema de pregão eletrônico; agilidade no treinamento. eletrônico. “Era preciso buscar um modelo ágil que combinasse com a agilidade do meio usado no pregão eletrônico, a Internet.” Para suprir a necessidade, as Secretarias de Gestão Pública e da Fazenda, em parceria com a Procuradoria Geral do Estado, a Corregedoria Geral da Administração e a Fundação do Desenvolvimento Administrativo (Fundap) criaram um curso de pregão eletrônico ministrado a distância. Lições virtuais Para desenvolver o Curso de Pregão Eletrônico a Distância, os técnicos das instituições recorreram à Rede Saber, uma tecnologia educacional que incorpora ferramentas de gestão, comunicações dentro da organização e técnicas de formação continuada. Criada pela Secretaria de Educação de São Paulo, a Rede Saber usa recursos de videoconferência, ambientes de colaboração virtual e ferramentas de gestão via web. A Rede Saber tem capacidade para atender 12 mil pessoas ao mesmo tempo, em 100 ambientes distribuídos pelo Estado de São Paulo. Inicialmente, o curso de pregão eletrônico a distância foi dirigido aos 1.507 pregoeiros já formados em pregão presencial. Durante dez meses, eles recebem aulas de Curso de Pregão Eletrônico a Distância; Formação de PregoeirosMonitores; e Capacitação de Estagiários-Monitores (para suporte técnico e pedagógico). Para desenvolver o projeto, a Secretaria de Fazenda gastou R$ 154 mil, valor que, segundo Monteiro, já retornou aos cofres públicos. “A vantagem do modelo de formação a distância é enorme.” Segundo ele, o curso presencial, incluindo apostilas, pagamento de professores, transporte e diárias das equipes, custa R$ 706,00 por aluno. O curso pela web sai R$ 102,00 por aluno; ao todo, uma economia de R$ 477.800,00. Outra vantagem é o ganho de tempo. Com o modelo presencial, a secretaria gastaria 25 meses para treinar os mais 1.500 pregoeiros. Com o curso a distância, gastou só dez meses. e-ad m i n i s t r aç ã o O STF acelera os processos M ais de 600 mil toneladas de papel circularam no Supremo Tribunal Federal (STF) no ano passado. A papelada representava processos de pessoas e empresas insatisfeitas com a decisão de tribunais menores e que recorreram ao STF para um novo julgamento. Com tanto processo em papel, os funcionários do STF gastavam 70% do tempo na execução de tarefas repetitivas e apenas 30% analisando os processos. A lentidão nos processos acabava aumentando o custo Brasil, segundo Paulo Roberto da Silva Pinto, secretário de TI do STF. “Quando a empresa ou o profissional não recebe o que lhe deve porque a Justiça atrasa o julgamento, tende a repassar o prejuízo para o preço do produto ou do serviço.” Além disso, a quantidade de papel que circulava no STF causava dano ambiental. “Imagine quantas árvores tínhamos de derrubar por ano para documentar tantos processos.” A maior parte das funções no STF, diz Paulo, podia ser automatizada, reduzindo tempo, erros e custos financeiros. Então, Paulo e sua equipe de técnicos desenvolveram o projeto Webservices RE-Eletrônico. Disponível o tempo todo O projeto, instaurado em 2007, está no começo. Nos primeiros cinco meses, os técnicos do Supremo Tribunal Federal ligaram o STF ao Tribunal Regional Federal (TRF). Entre esses dois órgãos, a troca de processos é 100% eletrônica. Nessa primeira fase, o projeto reduziu de um ano para segundos o tempo que os processos levavam para sair do TRF e chegar até o STF. O custo da primeira etapa do projeto de processo eletrônico, segundo Paulo, é de cerca de R$ 20 milhões. Isso porque os técnicos do STF usaram soluções abertas e gratuitas, como Apache2, Tomcat e bibliotecas de linguagem de programação Java, própria para escrever sistemas no ambiente web. De acordo com Paulo, até o final de 2008, os técnicos do STF devem interligar eletronicamente todos os tribunais, órgãos do Ministério Público Federal, procuradorias federais e advogados privados -- num total de mais de 100 unidades. Dessa maneira, todos os processos jurídicos, armazenados em mídia magnética, estarão disponíveis 24 horas por dia para consulta. O advogado poderá pesquisar processos, encaminhar petições e saber o parecer dos ministros, tudo pela Internet. Paulo reconhece que enfrentou dificuldade política e tecnológica para fazer a mudança de processo em papel para eletrônico. Cada sistema era escrito de um jeito, rodava em máquinas e arquitetura também diferentes. Além disso, “mudar é sempre difícil, porque implica mexer com pessoas”. divulgação Webservices RE-Eletrônico Nome do órgão: Supremo Tribunal Federal - STF. Site: www.stf.gov.br. Parceiro de implementação: Politec e Oracle. Orçamento do projeto: R$ 20 milhões. Usuários: tribunais em geral, Ministério Público Federal, procuradorias federais e advogados. Fornecedores: o sistema foi desenvolvido internamente. Fases do projeto: Webservices RE-Eletrônico é a primeira parte do projeto de modernização do Judiciário. Data de término do projeto: concluído no STF; interligação com outras instâncias do Poder Judiciário até o final de 2008. Principais benefícios do projeto: rapidez, economia financeira e segurança na tramitação e análise dos processos. Paulo: o projeto reduziu o tempo de transferência dos processos de um ano para segundos. 47 e-a d m i n i s t r a ç ã o projetos premiados O TJ do Espírito Santo elimina o papel A divulgação população de Espírito Santo conhecia bem os problemas da justiça no estado. Os processos demoravam para ser julgados, era difícil conseguir informações dos processos; e os funcionários do Tribunal de Justiça tinham dificuldade para administrar tanto documento em papel. “Por causa da complexidade de manusear dezenas de folhas de papel e por causa da confusão de procedimentos, uma pessoa às vezes esperava meses por uma decisão judicial que podia ser tomada em dias”, diz Victor Murad Filho, coordenador de informática do Centro de Processamento de Dados do Tribunal de Justiça do Espírito Santo. O Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) é a instância mais elevada da justiça do estado; atende até 3 milhões de pessoas. Para garantir a eficiência, o judiciário decidiu eliminar o papel e informatizar os processos judiciais. Desde Justiça sem Papel – Processo Eletrônico Nome do órgão: Poder Judiciário do Estado do Espírito Santo. Site: www.tj.es.gov.br. Parceiro de implementação: Oracle. Orçamento do projeto: R$ 10 milhões. Usuários: Poder Judiciário do Espírito Santo. Fornecedores: IBM (servidores), Lenovo (notebooks), Lexmark (impressoras), Oracle (bancos de dados e aplicações), Symantec (segurança da informação) e Netapp. Fases do projeto: três fases. Conceituação, análise e instalação. Data de término do projeto: outubro de 2007 em Vitória; meados de 2008 no interior do estado. Principais benefícios do projeto: redução de custos; redução de tempo de tramitação de processos; agilidade no atendimento à população; transparência. Victor: o que demorava três dias para ser feito agora é feito em duas horas. 48 a entrada do processo até o julgamento, tudo está sendo informatizado. Os advogados podem mandar as petições pela Internet; e os processos em papel estão sendo digitalizados. O sistema foi desenvolvido por uma equipe de técnicos do TJES e da Oracle. A implementação foi difícil no começo, diz Victor, por causa da quebra de paradigma cultural e da adequação ao novo modelo de trabalho, com computador e sistema. “As maiores dificuldades foram convencer as pessoas da mudança e alguns acertos técnicos requeridos pelo sistema.” Trâmite mais rápido O sistema foi instalado em todos os dez juizados especiais da Grande Vitória. Desde então, os magistrados e funcionários desses juizados trabalham com processos eletrônicos e com novos serviços pela Internet. De acordo com Victor, o que demorava três dias para ser feito, como um relatório, agora é feito em até duas horas, graças ao sistema. “Com a nova solução”, destaca Victor, “o tempo de tramitação do processo caiu em 80%.” Foram utilizados no projeto de modernização do TJES servidores, notebooks, impressoras e banco de dados. Até agora foram investidos cerca de R$ 4,3 milhões, de um total previsto de R$ 10 milhões. Todas as fases do projeto para permitir o bom funcionamento do processo eletrônico já saíram do papel e estão em prática. Agora estão em andamento outras operações para finalizar as instalações. “O Tribunal de Justiça do Espírito Santo já estava em processo de renovação de seu parque tecnológico e isso facilitou a implantação”, diz Victor. O retorno do investimento, ele diz, não é em números, mas em benefícios para a população do estado, graças ao ganho de agilidade na tramitação dos processos jurídicos, com redução de tempo do andamento de cada julgamento. e-de m o c r a c i a O Portal da Transparência mostra os gastos do governo federal S e um cidadão quisesse saber quanto um órgão do governo federal gastava em viagens, precisava formalizar uma requisição, encaminhá-la para o órgão específico e esperar pela resposta. Agora, o cidadão consegue a resposta pela Internet. Em novembro de 2004, os técnicos da Controladoria Geral da União (CGU) colocaram no ar o Portal da Transparência, uma iniciativa para mostrar à população como o governo federal gasta o dinheiro. O portal contém cerca de 573 milhões de registros sobre transferências de dinheiro da administração federal para estados, municípios e até cidadãos. Pelo portal, o cidadão pesquisa os gastos, as despesas e os pagamentos do governo federal por tipo de despesa e órgão executor. O cidadão consegue ainda visualizar as despesas com cartões de pagamento usados pela administração direta e visualizar os recursos liberados para convênios. Na área da saúde, por exemplo, o cidadão encontra informações sobre recursos destinados a estados e prefeituras, até pelo tipo de doença ou tratamento. Até outubro de 2007, o portal mostrava os destinos de R$ 3,75 trilhões distribuídos pelo governo. Palavras simples, melhor fiscalização “Nossa intenção é facilitar o acesso à informação pelo cidadão, para assim permitir o controle social”, diz o diretor de sistemas e informação da CGU, José Geraldo Loureiro Rodrigues. Hoje, o portal recebe em média 50 mil acessos por mês. É pouco. Mas Geraldo aposta nos programas de inclusão digital, na popularização da Internet e na propaganda boca-a-boca para aumentar as visitas ao portal. “Não fazemos nenhum tipo de propaganda. As pessoas o estão descobrindo aos poucos.” O Portal da Transparência foi desenvolvido com ajuda dos técnicos do Serpro, a empresa de tecnologia do governo federal. Para criar o portal, os técnicos da CGU e do Serpro reuniram e simplificaram as informações dos bancos de dados de vários órgãos do governo. Os termos técnicos também foram substituídos por termos comuns, diz Geraldo. Traduzir os termos técnicos foi uma das maiores dificuldades na criação do portal. Para colocar e manter no ar o portal, a CGU comprou cinco servidores IBM e um servidor de banco de dados para instalar o gerenciador SQL Server. Teve um gasto total de R$ 4 milhões de 2004 a 2007; além disso, gasta com o portal R$ 200 mil por mês. Os dados ainda são armazenados no sistema do Serpro, mas está em andamento o processo de migração para que tudo fique alocado na CGU. Os técnicos da CGU também preparam um edital para contratar um centro de processamento de dados para ampliar a capacidade do sistema -- que hoje permite 500 acessos simultâneos. Os ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, do Desenvolvimento Agrário, da Saúde, da Fazenda e do Planejamento são os responsáveis pelas informações publicadas no portal. hamilton penna Portal da Transparência Nome do órgão: Controladoria Geral da União (CGU). Site: www.portaldatransparencia.gov.br. Parceiro de implementação: Serpro. Orçamento do projeto: R$ 4 milhões em três anos (de 2004 a 2007). Usuários: disponível para toda a população brasileira. Fornecedores: IBM (servidores), Microsoft (gerenciador de banco de dados SQL Server). Fases do projeto: cinco etapas. Consulta a transferência de recursos (2004); aplicações diretas e cartões de pagamento (2005); convênios (2006); e financiamentos com recursos públicos (2008). Data de término do projeto: previsão para 2008. Principais benefícios do projeto: transparência nas informações sobre gastos públicos, centralização dos dados do governo federal e controle social. José Geraldo: portal mostra os destinos de R$ 3,75 trilhões distribuídos pelo governo. 49 e-d e m o c r a c i a projetos premiados São Paulo monta um site sobre fornecedores ilegais T divulgação rês anos atrás, o governo do Estado de São Paulo criou o sistema para divulgar na Internet todas as etapas de compra, do aviso de edital até a compra de produtos e serviços. Fez isso para promover a transparência das compras do governo. Mas isso não impedia que fornecedores desqualificados participassem dos processos de compra de um ou outro órgão. Os fornecedores podem ser desclassificados por desrespeito aos prazos definidos no contrato, falta de documentação, documentação falsa, descumprimento dos serviços ou produtos contratados, fraude na execução do contrato, fraude fiscal ou por agir de forma inidônea. “Em muitos casos, os fornecedores desabilitados eram conhecidos de alguma unidade do governo”, diz o coordenador do Grupo de Apoio Técnico à Inovação (Gati) da Secretaria de Gestão Pública do Estado de São Paulo, Roberto Sítio de Sanções Administrativas do Estado de São Paulo Nome do órgão: Secretaria de Gestão Pública do Estado de São Paulo. Site: www.sancoes.sp.gov.br. Parceiro de implementação: Empresa de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp) e Sabesp. Orçamento do projeto: R$ 26.100,00. Usuários: órgãos da administração direta, autarquias, fundações, empresas públicas e de economia mista do Estado de São Paulo. Fornecedores: Intel (processadores), Microsoft (sistema operacional) e IBM (Lotus Domino 5.0.12, software de colaboração, correio eletrônico e servidor de aplicação). Fases do projeto: é a quarta etapa do projeto de modernização dos processos de compra. Data de término do projeto: 2006. Principais benefícios do projeto: controle dos fornecedores; combate às fraudes. Agune: lista dos fornecedores desabilitados. 50 Agune. “Mas a falta de comunicação obrigava o poder público a gastar tempo, mão-de-obra e dinheiro numa avaliação que já tinha sido feita por alguém de dentro do próprio governo.” Às vezes, lembra Agune, as unidades do governo estadual demoravam meses para saber que uma empresa ou profissional não podia participar de uma licitação. Daí surgiu a idéia de construir o Sítio de Sanções Administrativas do Estado de São Paulo. Raio-X do fornecedor O Sítio de Sanções é um site na qual os administradores dos órgãos do governo (administração direta, autarquias, fundações, empresas públicas e de economia mista) sabem se um fornecedor está ou não impedido de participar de uma licitação ou concorrência aberta pelo governo estadual. No caso de profissionais liberais, a consulta pode ser feita por nome e CPF. No caso de empresas e instituições, por nome e CNPJ. Quando a sanção é registrada no sistema, o fornecedor tem a senha de acesso à Bolsa Eletrônica de Compras bloqueada. Quando o fornecedor regulariza sua situação, o acesso à Bolsa Eletrônica de Compras é liberado. O site também está integrado com as ações previstas em três outros projetos: Bolsa Eletrônica, Pregão e Pregão Eletrônico. O site foi desenvolvido pelos técnicos do Gati, em parceria com os técnicos da Prodesp (Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo). Instalado no ano passado em 20 dias, o projeto custou R$ 26.100,00. Agune calcula que as 1.823 unidades de compra do governo de São Paulo gastaram R$ 6,7 bilhões, em 2006, assinando contratos com mais de 70 mil fornecedores. Muitos dos fornecedores, diz Agune, “apresentam desvios de conduta e práticas incompatíveis com o exercício das próprias atividades”. e-se r v i ç o s Fim da fila para marcar consulta médica Q uando os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) de Santa Catarina precisavam marcar uma consulta ou agendar um exame médico, tinham de ir até a Central de Agendamentos de Consultas. As filas se formavam, diariamente, a partir das 4 horas da manhã. Agora, os pacientes não precisam mais ficar na fila da Central de Agendamentos: desde setembro de 2007 funciona o Sistema de Marcação de Consultas, Serviços e Regulação de Leitos Hospitalares (MCSR). A marcação de consultas é feita no posto de saúde mais próximo ao paciente; e o retorno é agendado na própria clínica onde o paciente é atendido pela primeira vez. Pelo sistema baseado na Internet, o atendente do SUS consegue localizar a unidade de saúde com vagas especializadas, priorizar emergências, organizar listas de espera e de internações. E o estado consegue distribuir melhor os leitos nos hospitais. Também acabou o problema de um paciente ter mais de um cartão de atendimento (o que dificultava a identificação do usuário e o levantamento do histórico de atendimento); e de uma unidade de saúde ter mais de um número de registro. Atualmente no sistema estão cadastrados 1,2 milhão de pacientes do SUS (de um total de 1,8 milhão); 2.200 procedimentos médicos (consultas, retornos, tratamentos, exames laboratoriais e de imagem); 1.400 unidades de saúde e 7.200 profissionais dos 293 municípios de Santa Catarina. O sistema foi criado pelos técnicos do Centro de Informática do Estado de Santa Catarina, o Ciasc, em substituição ao sistema usado há 18 anos pela Secretaria de Saúde. Para ajudar no sistema, o Ciasc contratou a ISO Enterprise. Os técnicos levaram oito meses para desenvolver o sistema. No total, o projeto custou R$ 257 mil. Um dos maiores desafios para instalação do sistema, segundo Marcelo José Ruiz, analista de informática e coordenador de projeto no Ciasc, foi convencer os gestores da Secretaria da Saúde da necessidade de evitar dados duplicados. Para resolver o problema, Marcelo e a equipe de técnicos criaram um sistema para as informações do Cadastro Nacional de Entidades de Saúde (unidades, procedimentos e profissionais) e outro para as informações do Cartão Nacional de Saúde (pacientes). Informações precisas O sistema gera informações estratégicas para a administração pública e ajuda a Secretaria de Saúde a oferecer serviços de acordo com as necessidades da população. Isso porque as informações coletadas são armazenadas em uma grande base de dados. Com a base, os gestores de saúde podem gerar relatórios analíticos para auxiliar na distribuição de recursos financeiros e materiais para as unidades de saúde, hospitais, laboratórios, clínicas especializadas e profissionais conveniados. No futuro, os técnicos do Ciasc pretendem abrir as informações para a população, gratuitamente, por meio de quiosques instalados em pontos estratégicos do estado. divulgação Sistema de Marcação de Consultas, Serviços e Regulação de Leitos Hospitalares Nome do órgão: Centro de Informática e Automação do Estado de Santa Catarina - Ciasc. Site: www.mcsr.saude.sc.gov.br. Parceiro de implementação: ISO Enterprise. Orçamento do projeto: R$ 257 mil (R$ 117 mil destinados à ISO Enterprise). Usuários: Secretaria de Estado da Saúde, gestores municipais de saúde, estabelecimentos e profissionais vinculados ao SUS. Fornecedores: Microsoft (plataforma ASP.NET e banco de dados SQL Server 2000 e SQL Server 2005); Artech (gerador de aplicações multiplataforma Genexus 9.0). Fases do projeto: desenvolvimento e instalação. Data de término do projeto: setembro de 2007. Principais benefícios do projeto: facilidade de acesso à oferta dos serviços de saúde, agilidade na marcação de atendimentos, melhoria na administração do sistema e de tabelas do SUS. Marcelo: as informações ajudam a Secretaria da Saúde a planejar serviços à população. 51 e-s e r v i ç o s projetos premiados A educação paulista ganha inteligência com o Boletim Escolar A divulgação cada trimestre, os funcionários das escolas em São Paulo tinham de registrar manualmente as notas dos alunos. Cada funcionário registrava as notas da sua maneira. O processo era lento, passível de erros, e não permitia a criação de um registro centralizado das avaliações. A Secretaria da Educação de São Paulo tinha, desde 1995, um sistema de cadastro de alunos. O sistema permitia acompanhar pela Internet as informações de todos os estudantes matriculados na rede estadual de ensino. Porém, o sistema informava apenas se o aluno tinha sido aprovado ou retido por freqüência ou avaliação, sem oferecer informações específicas por disciplina. Então a Secretaria decidiu investir em tecnologia para inovar seus processos e reduzir a burocracia de todo o sistema da educação. Surgiu o Sistema de Avaliação e Freqüência, que Boletim Escolar Nome do órgão: Fundação para o Desenvolvimento da Educação - FDE. Site: www.educacao.sp.gov.br. Parceiro de implementação: Secretaria de Estado da Educação. Orçamento do projeto: R$ 3,8 milhões em hardware, software e desenvolvimento; R$ 3 milhões em serviços de impressão. Usuários: alunos, professores e funcionários dos departamentos da Secretaria de Estado da Educação. Fornecedores: Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (desenvolvimento e datacenter); Adabas (banco de dados); Attachmate (solução web); CTIS Tecnologia (terceirização de impressão). Fases do projeto: está na fase de produção e de manutenção das funcionalidades. Data de término do projeto: março de 2007. Principais benefícios do projeto: unificação dos sistemas de registro de aproveitamento escolar; melhora da gestão nas escolas; transparência dos resultados; ajuda na formulação de políticas públicas para a educação. Fábio: a dificuldade foi unificar os processos pulverizados entre mais de 5.200 escolas. 52 integrou o boletim escolar às bases de dados do cadastro de alunos. Depois, a Secretaria criou o sistema para divulgar as notas dos alunos na Internet, o Boletim Escolar. A dificuldade foi unificar os processos pulverizados entre mais de 5.200 escolas. Os responsáveis pelo projeto mapearam os processos em algumas escolas e usaram o levantamento para especificar como seria o sistema. O sistema foi testado em 328 escolas por seis meses; depois foi instalado inicialmente nas escolas da Coordenadoria de Ensino da Região Metropolitana da Grande São Paulo (COGSP) e depois demais unidades escolares. Até o segundo semestre de 2007, 10 mil profissionais da rede de ensino foram capacitados. Notas e faltas na Internet O Boletim Escolar permitiu aos funcionários da secretaria da escola registrar pela Internet as notas, as faltas e outros dados sobre os alunos, em todas as disciplinas. As informações foram colocadas para consulta de pais e alunos também pela Internet. Cerca de 5 milhões de estudantes estão cadastrados no sistema. Escolas, órgãos regionais, diretorias, coordenadorias de ensino e a própria Secretaria da Educação passaram a ter ferramentas facilitadoras para a realização dos serviços. O sistema trouxe mecanismos para facilitar a definição das políticas de educação. As próximas metas são automatizar o histórico escolar, a ficha individual do aluno, a ata final de conselho e o plano de reposição de aulas. O sistema foi desenvolvido por técnicos da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), da empresa de TI do estado de São Paulo (Prodesp) e da CTIS Tecnologia. A secretaria gastou R$ 3,8 milhões com máquinas, sistemas e serviço de desenvolvimento. Está previsto mais um investimento de R$ 3 milhões para um sistema de impressão descentralizada de boletins escolares. e-se r v i ç o s O IBGE faz pesquisa de porta em porta com PDAs O s recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) batiam de porta em porta para levantar as informações sobre a população brasileira. Entrevistavam o cidadão e preenchiam as folhas do questionário, presas numa prancheta. Depois de feitas as entrevistas, os funcionários do IBGE tinham de computar as respostas. Muitos questionários vinham errados ou incompletos. Resultado: demorava para sair o resultado do censo. Em 2005, os técnicos do IBGE decidiram dar computadores de mão (PDAs) para os recenseadores. Desenvolveram o sistema internamente, compraram 82 mil PDAs, contrataram operadoras de telecomunicações, instalaram o sistema e treinaram os recenseadores. Com o questionário no PDA, o recenseador sabe se alguma resposta do cidadão foi incoerente. Se a resposta não bate com outros dados coletados anteriormente, explica Neusa Mansour, diretora de informática, o sistema força a repetição da pergunta, obrigando o recenseador a obter a resposta correta. Outra vantagem: na hora da entrevista, o sistema pula automaticamente as perguntas de acordo com as respostas anteriores. Se o cidadão responde que não tem nenhuma TV em casa, o recenseador não pergunta quantas TVs o cidadão tem. O processo reduz o tempo da entrevista e, conseqüentemente, a quantidade de questões não-respondidas. Acompanhamento remoto do funcionário O sistema online permite que os funcionários do IBGE acompanhem o trabalho do recenseador, incluindo deslocamentos, horários de entrevistas e percursos efetuados; avaliem a cobertura da coleta, com uso de mapas digitais; e controlem a qualidade dos dados coletados. Os funcionários do IBGE agora conseguem atualizar ou corrigir um questionário, sem precisar reimprimir e redistribuir o material, como acontecia com o papel. Agora eles também recebem os questionários respondidos mais depressa. Isso reduziu o custo das entrevistas, o tempo para a liberação das informações para análises estatísticas e o tempo para a entrega dos resultados da pesquisa. No papel, o recenseador tinha de guardar os questionários respondidos enquanto a pesquisa estivesse sendo feita; só quando a pesquisa terminava, ele os entregava para o supervisor no IBGE. Agora, o recenseador é responsável pela guarda do PDA, enquanto durar a pesquisa. O treinamento dos recenseadores, que era feito em cinco dias na época do papel, passou a ser maior com o PDA. Um problema: os recenseadores ainda não conseguem enviar os dados da pesquisa por telefone celular ou Internet porque nem todos as localidades têm infraestrutura eficiente de telecomunicações. divulgação Coleta de dados via PDA Nome do órgão: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Site: censos2007.ibge.gov.br/. Parceiro de implementação: desenvolvido internamente. Orçamento do projeto: R$ 87,8 milhões em PDAs. Usuários: funcionários do IBGE. Fornecedores: Sightgps (PDAs); Palmtech (modems); J&J Importação (bateria externa); Oi, Telefônica, Brasil Telecom e Embratel (serviços de telecom); Hughes e Rural Web (acesso por satélites); Microsoft (sistema operacional, banco de dados, suporte técnico); Star Company (servidores IBM e armazenamento); Alcatel (switches). Fases do projeto: escolha de PDAs (3º trimestre 2005); desenvolvimento de sistemas (4º trimestre 2005); arquitetura de transmissões e preparação da base operacional (1º trimestre 2006); sistema de gerência das operações (2º trimestre 2006). Data de término do projeto: 2006. Principais benefícios do projeto: eliminação do papel, agilidade nas pesquisas, redução de erros e de custos. Neusa: com o PDA, o recenseador sabe se alguma resposta foi incoerente. 53 e-s e r v i ç o s projetos premiados Ficou mais fácil abrir empresa em Sorocaba P divulgação ara abrir uma empresa em Sorocaba, o cidadão esperava 20 dias só para a documentação ser analisada no primeiro setor da prefeitura; depois tinha de levar o documento emitido por esse setor para outro setor, também da prefeitura. Antes de abrir a empresa, o cidadão tinha de providenciar documentos que só seriam emitidos depois da abertura. O cidadão preenchia um requerimento em papel e pagava a taxa de protocolo. Pegava um número e seguia para o setor de uso de solo da Secretaria de Urbanismo. O cidadão tinha de providenciar alvarás de funcionamento de outros órgãos, como Vigilância Sanitária e Corpo de Bombeiros. Só depois o setor de uso do solo emitia o documento de deferimento. O cidadão preenchia outro documento, agora com os dados gerais da empresa, e entregava ao setor de cadastro da Secretaria de Finanças, juntamente com a análise do primeiro setor, pois um não tinha validade sem o outro. empres@fácil Nome do órgão: Prefeitura Municipal de Sorocaba. Site: www.sorocaba.sp.gov.br. Parceiro de implementação: Junta Comercial de Sorocaba, Receita Federal e Fazenda Estadual. Orçamento do projeto: R$ 1,5 milhão. Usuários: profissionais contabilistas, empresas de contabilidade, JUCESP, Secretaria de Urbanismo e Secretaria de Finanças. Fornecedores: DSF - Desenvolvimento de Sistemas Fiscais. Fases do projeto: quatro. Abertura de empresa; baixa de empresa; alterações de dados; e convergência com outros órgãos. Data de término do projeto: etapa três e etapa quatro em fase de conclusão. Principais benefícios do projeto: regularização de empresas clandestinas ou informais, atração de novos empreendimentos; aumento da receita tributária em 10% apenas neste ano, redução de custos administrativos e geração de empregos. Vitor: o tempo de abertura de empresa caiu de três meses para 14 dias. 54 Todas essas etapas ocupavam três andares do prédio da prefeitura de Sorocaba. Então o prefeito Vitor Lippi investiu em um sistema para facilitar a abertura de empresas pela Internet, o empres@fácil. Para construir o sistema, os técnicos da prefeitura mapearam os processos de abertura de empresa e identificaram melhorias. A partir daí, definiram a arquitetura do sistema, as fases de desenvolvimento e de adoção dos novos conceitos. O projeto foi implementado em quatro fases: abertura de empresa; baixa de empresa; alterações de dados; e convergência com outros órgãos, como Receita Federal e Fazenda Estadual. A primeira fase foi concluída. A segunda e a terceira estão em andamento. A fase de convergência foi iniciada e serviu de experiência para o Programa Estadual de Desburocratização, do governo do Estado de São Paulo. A tecnologia reduzindo a burocracia A instalação é realizada pelos técnicos da empresa DSF e da própria prefeitura. Para fazer o projeto, o prefeito Vitor investiu R$ 1,5 milhão em desenvolvimento de sistema, instalação e propaganda. Ele não gastou com máquinas porque foram aproveitados os equipamentos já instalados na prefeitura. Com o empres@fácil, foram eliminadas etapas burocráticas (requerimento em papel) e despesas (taxa de protocolo). O cidadão faz o requerimento pela Internet e os funcionários de cada órgão da prefeitura respondem em horas ou em alguns dias. (A Junta Comercial de Sorocaba é parceira do projeto, o que agiliza o registro de nomes de empresas.) O cadastro da empresa na prefeitura é emitido e enviado por e-mail para o cidadão. O serviço online reduziu o tempo de abertura de empresas de três meses para 14 dias; e dos 14 dias, apenas quatro são responsabilidade da prefeitura. Entre os ganhos, o sistema permitiu a regularização de empresas clandestinas ou informais; atraiu novas empresas para o município; aumentou a receita tributária, sem aumentar as alíquotas; reduziu custos administrativos; e gerou empregos. e-se r v i ç o s Internet de alta velocidade para a educação O s 70 mil alunos das 92 escolas municipais de Porto Alegre ganharão, até o início de 2008, laboratórios de informática equipados com Internet de alta velocidade. Dentro dos próximos meses terão também um endereço de correio eletrônico. Isso porque os técnicos da empresa de processamento de dados de Porto Alegre, a Procempa, estão instalando uma rede sem-fio em vários locais do município onde a rede de fibras ópticas não chega. O trabalho começou em março de 2007. O pessoal da Procempa chama o projeto de Wireless Smed (Secretaria Municipal de Educação). Com o projeto, os técnicos vão aproveitar para tirar das escolas os cabos de Internet das operadoras de telecomunicações. Os cabos de baixa velocidade (64 kbps) inviabilizam atividades pedagógicas que exigem Internet com velocidade maior. “Além disso”, diz André Imar Kulyczinski, diretor-presidente da Procempa, “a conexão atual não serve quando mais de um aluno acessa a web.” Internet rápida: mais economia A prefeitura também gasta por ano R$ 2 milhões com a telefonia e a Internet de baixa velocidade nas escolas. É muito caro para pouco benefício, diz André. A partir do próximo ano, a prefeitura deixará de gastar esses R$ 2 milhões. Com a Internet de banda larga, os técnicos da Procempa instalarão telefonia usando a rede de dados (VoIP). Quando o projeto acabar, em 2008, os profissionais da Secretaria da Educação investirão em educação a distância. Os 4 mil professores da rede municipal farão um treinamento para conhecer essa modalidade de ensino e depois poderão desenvolver conteúdos de aulas nos laboratórios de informática. Para o Wireless Smed funcionar, os técnicos da Procempa instalarão dez torres com sinal de rádio até março de 2008. As torres conectarão as escolas na infovia municipal de fibras ópticas. (Por enquanto, os técnicos já conectaram 1.500 computadores à rede.) O projeto custará R$ 2,8 milhões, incluindo desenvolvimento, infra-estrutura e instalação. Até o final do próximo ano, André pretende interligar as escolas aos 120 postos de saúde da cidade. “Aqueles alunos que faltam e inventam uma ida ao médico são desmascarados.” O Wireless Smed faz parte do projeto Porto Alegre Wireless. A prefeitura quer interligar todos os órgãos públicos e também oferecer Internet sem-fio de graça em pontos de grande circulação da cidade. “Desenhamos esse projeto para fazer a cobertura de toda a cidade; mas começamos pela área de educação.” A Internet de banda larga poderia ser aproveitada na segurança pública (câmera de vídeo para monitorar pontos inseguros) e no turismo de negócios (acesso à Internet rápida em locais de conferência ou pontos turísticos). divulgação Wireless Smed Nome do órgão: Companhia de Processamento de Dados do Município de Porto Alegre - Procempa. Site: www.procempa.com.br. Parceiros de implementação: Secretaria Municipal de Educação, Departamento Municipal de Água e Esgotos, Empresa Pública de Transportes e Circulação, Brigada Militar do Rio Grande do Sul e Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Orçamento do projeto: R$ 2,8 milhões. Usuários: alunos das escolas públicas. Fornecedores: Masther Telecomunicações, Motorola, Alvarion, Linksys/Cisco, Instalsul e CDS. Fases do projeto: 16 fases. A primeira em março de 2007 e a última prevista para o primeiro trimestre de 2008. Data de término do projeto: 2008. Principais benefícios do projeto: as escolas públicas ganham acesso à Internet de banda larga; economia de R$ 2 milhões por ano em telecomunicações. André: os alunos não poderão mentir, dizer que foram ao médico, para faltar na escola. 55 e-s e r v i ç o s projetos premiados Até 2011, o Rio inteiro conectado por banda larga. O divulgação s 23 mil moradores de Piraí, no Rio de Janeiro, presenciaram a instalação de 18 novas empresas no município nos últimos três anos. A presença delas gerou mais de 4 mil empregos diretos. A arrecadação do município hoje está cinco vezes maior do que há três anos. Piraí cresceu; em parte por causa do projeto Município Digital. RJ, que leva Internet banda larga aos municípios do Rio de Janeiro. Piraí foi a primeira cidade a receber o projeto, em 2004. Até 2011, todos os 92 municípios do estado estarão conectados. O Município Digital foi desenvolvido pelos técnicos do Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado do Rio de Janeiro, o Proderj. Segundo Tereza Porto, presidente do Proderj, o Município Digital.RJ foi criado para levar crescimento e desenvolvimento às cidades do estado e inserir os cidadãos em uma nova economia, a digital. “Sem Internet para procurar trabalho, enviar currículos ou fazer cursos a Município Digital.RJ Tereza: o projeto foi criado para levar crescimento e desenvolvimento às cidades. 56 Nome do órgão: Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado do Rio de Janeiro – Proderj. Site: não tem. Parceiro de implementação: Universidade Federal Fluminense e Universidade Federal do Rio de Janeiro (Piraí); Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Rio das Flores); Intel (Mangaratiba); Alcatel (Visconde de Mauá); Cisco (Conservatória); Nextwave (Paraty); Motorola (Petrópolis e São Gonçalo); Nortel (Barra do Piraí). Orçamento do projeto: estimativa de R$ 130 milhões, com PPP. Usuários: administração pública e população. Fornecedores: Intel, Alcatel, Cisco, Nextwave, Motorola, Nortel, Verto Technologies (equipamentos de rede). Fases do projeto: duas. Instalação na administração pública; instalação para a população. Data de término do projeto: 2011. Principais benefícios do projeto: conexão de Internet de banda larga em cidades pequenas e afastadas. distância, essas pessoas não têm condições de concorrer a vagas de emprego com candidatos que usam esses serviços.” Os cidadãos dos municípios cobertos pelo projeto acessam Internet de graça em edifícios públicos, escolas, telecentros e quiosques. E os prefeitos têm a oportunidade de instalar sistemas integrados de administração pública. Depois de Piraí, os técnicos do Proderj já instalaram redes sem-fio de alta velocidade nas cidades de Rio das Flores, Mangaratiba, Visconde de Mauá, Conservatória e Parati. E estão trabalhando em Petrópolis, São Gonçalo, Rio Claro, Nova Friburgo, Valença e Barra do Piraí. Internet para todos Para Tereza, implantar o projeto em diversas cidades foi importante para os técnicos testarem várias tecnologias, como Wi-Fi, WiMAX e microondas. Agora eles vão usar o conhecimento para lançar um edital que levará banda larga para todos os municípios do Rio de Janeiro, até 2011. Na parceria público-privada, o estado será o principal financiador do projeto, estimado em R$ 130 milhões. Os técnicos da empresa vencedora do edital montarão as redes de tecnologia sem-fio que serão conectadas nos cabos de alta velocidade do Proderj. Pelo cronograma, 36 municípios serão conectados em 2008, 25 no segundo ano e, finalmente, todas as cidades do estado no terceiro ano do contrato. Segundo Tereza, alguns municípios não teriam banda larga ainda por muitos anos se não fosse a iniciativa do Proderj. “As operadoras de telecomunicações não têm interesse comercial em instalar infra-estrutura de Internet de alta-velocidade em cidades com menos de 50 mil habitantes.” Por esse motivo, Tereza pensa na possibilidade de oferecer acesso básico de web residencial (com velocidade de 256 kbps) por um valor mínimo. Empresas e cidadãos que quiserem melhor qualidade de acesso (acima de 1 até 10 Mbps) pagarão mais. Mas, para fazer isso, Tereza ainda tem de esperar a regulamentação da Anatel.