Junho de 2000 Parque Estadual Cristalino é criado através do Decreto 1.471/00, com 67 mil hectares. 30 de maio de 2001 Decreto 2.628/01 amplia o Cristalino em 118 mil hectares. A parte criada um ano antes passa a ser chamada Cristalino I e a porção ampliada Cristalino II. Porém, a denominação é relativa apenas aos instrumentos jurídicos que criaram o Parque: as duas áreas são uma única unidade de conservação e é assim que seu plano de manejo começa a ser elaborado. Toda a área onde foram criados os Parques I e II é de domínio público, porém parte da área do Parque II (aproximadamente 12 mil hectares) já estava ocupada com uma fazenda na época da criação. 2002 Apesar da criação do Parque, continuam ocorrendo grandes desmatamentos (3.600 hectares no total, dos quais 2.400 hectares em uma única derrubada), assim como retiradas ilegais de madeira dentro da unidade. Ocorrem tentativas de redefinição dos limites do Parque visando retirar da unidade áreas desmatadas antes da criação. Porém um projeto pretendendo reduzir em 46% a área do Parque tramita na Assembléia Legislativa e as tentativas de redefinição dos limites ficam suspensas. Dezembro de 2002 O juiz federal Julier Sebastião da Silva determina o seqüestro judicial da Gleba Divisa, uma área de 423 mil hectares, onde o Parque Cristalino está localizado e nomeia o Ibama como fiel depositário do parque. O pedido foi feito pela Procuradoria da República, pelo fato de toda a ocupação na área ser considerada irregular. 2003-2004 Apesar do seqüestro da área pela justiça federal e de várias operações de fiscalização do Ibama, o desmatamento no interior do Parque continua aumentando: foram destruídos 8.200 hectares de florestas dentro da unidade em 2003 e mais 4.100 hectares em 2004. Julho de 2004 Pessoas representado diversos segmentos da comunidade local, incluindo professores, pesquisadores, estudantes, técnicos de ONG’s locais, proprietários, comerciantes, entre outros, criam associação para defender o parque. A Associação dos Amigos do Parque Cristalino nasce com mais de 90 sócios em Alta Floresta e Novo Mundo. 2005 24 de setembro de 2005 O promotor de justiça Marcos Machado é escolhido por Blairo Maggi como secretário estadual de meio ambiente e toma o Cristalino como bandeira de sua gestão no que tange unidades de conservação Marcos Machado reúne posseiros, sociedade civil e poder público em Alta Floresta para discutir as ações do governo para a implantação do parque. Machado havia passado 10 dias na região, nos quais registrou focos de incêndio, desmatamento e extração ilegal de madeira dentro dos limites do parque. Em entrevista à imprensa na ocasião enfatizou que o governo não toleraria novos danos ambientais: “a lei será cumprida”. Outubro de 2005 Sema realiza operação de fiscalização no Cristalino. O resultado: 29 posseiros notificados, 5 pessoas presas, 9 caminhões de madeira ilegal apreendidos e 17 pessoas multadas por irregularidades ambientais. A maior multa foi para o pecuarista Antônio José Junqueira Vilela. 15 de março de 2006 Governo envia à Assembléia Legislativa a Mensagem 08, contendo o Projeto de Lei 67/2006, baseado nas discussões realizadas com os vários atores envolvidos, propondo a unificação do Cristalino com uma revisão dos limites que visa retirar áreas que já estavam desmatadas antes da criação 2001 – cerca de 4 mil hectares. Proposta obtém amplo apoio, inclusive de organizações da sociedade civil. Maio de 2006 Deputados propõem emendas ao projeto do governo, uma delas que reduziria o parque em 50 mil hectares. 05 de maio de 2006 Assembléia e prefeitura de Novo Mundo realizam uma audiência para discutir a proposta dos deputados para o parque, defendendo sua redução. 19 e 20 de setembro de Técnicos da Sema começam a mobilizar a comunidade de Novo 2006 Mundo e Alta Floresta para a implantação do Conselho Consultivo do parque, realizando reuniões com entidades locais nos dois municípios. 27 de outubro de 2006 Chega a público o texto do Substitutivo Integral ao PL 67/2006, propondo a redução do Cristalino em 27 mil hectares e incluindo a RPPN Cristalino em seus limites. O texto, de autoria de lideranças partidárias, traz a assinatura do vice-governador eleito Silval Barbosa (PMDB), então presidente da AL. O documento tem data de 17 de maio, mas até esse momento era desconhecido. 30 de novembro de 2006 Assembléia Legislativa aprova em primeiro turno o Substitutivo, incluindo nos limites do parque a RPPN Cristalino. Começa a campanha SOS Cristalino e o abaixo assinado da EcoBrasil pedindo que o governador vete o projeto. 06 de dezembro de 2006 Deputados aprovam o Subtitutivo em segundo turno, modificando novamente os limites e excluindo a RPPN. A retirada da RPPN é a primeira vitória da mobilização em defesa do Cristalino. Em apenas uma semana, o abaixo assinado da EcoBrasil recolheu mais de 1,5 mil assinaturas de pessoas ligadas ao turismo ecológico. 14 de dezembro de 2006 Governador Blairo Maggi veta projeto de redução do Cristalino. Mobilização da campanha SOS Cristalino já havia enviado mais de 900 cartas ao governador pedindo o veto. 18 de dezembro de 2006 Deputados derrubam veto de Maggi ao Substitutivo em uma das últimas sessões legislativas do ano, à noite, na mesma sessão que votou o orçamento do estado. Também votaram um projeto criando um anexo de 7 mil hectares que transforma em parque estadual a RPPN Cristalino e outras áreas que estão em vias de se tornarem também reservas particulares – ou seja, retiram fazendas desmatadas depois da criação do parque e incluem áreas já dedicadas à conservação. 28 de dezembro de 2006 Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Cuiabá, através do promotor Gerson Barbosa, protocola na Justiça pedindo a suspensão dos efeitos da votação da Assembléia Legislativa que reduziu a área do Parque 03 de janeiro de 2007 O juiz José Zuquim Nogueira, do Juizado Volante Ambiental (Juvam), devolve a ação cautelar proposta pelo Ministério Público e concede prazo de dez dias para que o MP anexe aos autos os documentos referentes ao processo legislativo – documentos solicitados insistentemente à Assembléia Legislativa e que não foram fornecidos. 09 de janeiro de 2007 MP move ação civil pública contra a redução do Cristalino, já publicada na forma de lei. Na nova ação, o promotor do Meio Ambiente, Domingos Sávio Barros de Arruda, pede em liminar a suspensão imediata dos efeitos da nova demarcação e, no mérito, a nulidade de todo o processo que permitiu a retirada de cerca 27 mil hectares do parque. A promotoria teve acesso à cópia integral do processo legislativo apenas no dia anterior, 8 de janeiro. 26 de janeiro de 2007 O juiz José Zuquim Nogueira, concede a liminar suspendendo a redução do parque. Em sua decisão, afirma: “Lamentavelmente, é forçoso concluir que os senhores deputados – representantes do povo, que receberam com um voto uma “procuração” para defenderem os interesses da coletividade, estejam andando na contra-mão direção destes interesses, pois em detrimento da sociedade, estão privilegiando uma minoria de indivíduos, sem qualquer justificativa convincente”.