Revista EDUC-Faculdade de Duque de Caxias/Vol. 01- Nº 01/Jan-Jun 2014
O EMPREENDEDORISMO: UMA ANÁLISE SOBRE O PERFIL DO
NOVO EMPREENDEDOR E OS RESULTADOS DE SUA GESTÃO
Judimar da Silva Gomes
Administrador, Mestre em Tecnologia pelo CEFET/RJ Celso Suckow da Fonseca
Coordenador e docente do curso de Administração da Faculdade de Duque de Caxias
E-mail: [email protected]
Resumo: O presente artigo objetiva abordar e analisar a eficácia de programas de incentivo
ao Empreendedorismo, como é o caso Programa EMPRETEC, bem como conhecer se
ocorrem mudanças no comportamento profissional e pessoal decorrentes da participação nos
mesmos e as dificuldades que os empreendedores têm em montarem seu próprio negócio. O
estudo percorre a origem do Empreendedorismo, sua história no Brasil, os perfis do
empreendedor e do administrador, bem como suas respectivas funções e semelhanças. A
pesquisa mostra que programas como o EMPRETEC realmente mudam o comportamento das
pessoas. O Seminário EMPRETEC surgiu com o intuito de mudar o pensamento das pessoas,
melhorando seu modo de pensar e agir diante das dificuldades do dia a dia, ajudando-os a
transformar uma ideia em um negócio.
Palavras-chave: Empreendedorismo. Comportamento. Características empreendedoras.
Abstract: This article monograph aims to address and analyze the effectiveness of programs
to encourage the business, such as Program EMPRETEC and know if changes occur in the
professional and personal behavior arising from the participation of those and the difficulties
that entrepreneurs have in montarem your own business. The study covers the origin of
entrepreneurship, his history in Brazil, the profile’s entrepreneur and administrator, and their
respective functions and similarities. Research shows that programs such EMPRETEC really
change people's behavior. The Seminar EMPRETEC came with the intention to change the
thinking of people, improving their way of thinking and acting ahead of the difficulties of the
day to day, helping them to transform an idea into a business.
Keywords: Entrepreneurship; Behavior; Entrepreneurial characteristics.
1. INTRODUÇÃO
Objetiva-se mostrar neste artigo a importância do Empreendedorismo na identificação
dos empresários de sucesso, como eles empreendem em suas empresas, no planejamento, os
problemas que passaram e como aprenderam a manter suas empresas em um mercado tão
competitivo.
Hoje, quando o mundo está transitando da Sociedade Industrial para a Sociedade do
Conhecimento, os empreendedores precisam mudar seu comportamento, seus conceitos, suas
decisões e suas transformações. Não se pode mais ser conhecedor profundo de um só assunto,
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não é aconselhável obedecer a padrões rígidos de conduta, ou seja, é preciso sempre se
reciclar, reaprender, estar apto a lidar com questões e temas ligados a diversos ramos do
conhecimento, ser proativo em vez de ficar somente esperando respostas.
As empresas, e cada dia mais, têm buscado profissionais qualificados e empreendedores
que saibam buscar soluções para os problemas que surgem no cotidiano dessas empresas, bem
como enfrentar os desafios nas contingências.
Deseja-se, por meio deste artigo, abordar as principais questões relacionadas ao processo
do empreendedor nesta Era do Conhecimento, bem como os objetivos e o sucesso do
Programa EMPRETEC em Angra dos Reis/RJ, os benefícios gerados pelo curso e os casos de
sucesso relatados pelos próprios participantes. Será abordada também uma breve história do
Empreendedorismo no Brasil.
O termo Empreendedor (entrepreneur) tem origem francesa e significa “aquele que
assume riscos e inicia algo novo” (DORNELAS, 2005). Segundo Hisrish (apud
DORNELAS, 2005), o seu primeiro uso pode ser creditado a Marco Polo, que tomou a
iniciativa de estabelecer uma rota comercial para o Oriente. Após o primeiro uso do termo
empreendedorismo, o mesmo passou a denominar aqueles que gerenciavam expressivos
projetos produtivos na Idade Média e, neste mesmo período, o vocábulo empreendedor era
utilizado para identificar as pessoas que gerenciavam grandes projetos de produção. O
Empreendedorismo somente foi difundido no Brasil nos últimos anos, ou melhor, foi
intensificando no final da década de 1990, durante a abertura da economia. Nos Estados
Unidos é conhecido como referência há muitos anos, não sendo algo novo ou desconhecido
para os empresários americanos. No Brasil, a origem do Empreendedorismo se deu em função
da preocupação com a criação de empreendimentos pequenos, porém duradouros.
Afirma Dornelas (2001, p.17) que empreendedor é aquele que faz as coisas acontecerem,
se antecipa aos fatos e tem uma visão futura da organização. A pessoa empreendedora busca a
auto-realização, precisa ter flexibilidade, facilidade nas negociações, ter iniciativa, ser
otimista ao mesmo tempo visionário para negócios futuros, mas, principalmente, precisa ter
paixão pelo que faz.
Segundo Schumpeter (1949 apud DORNELLAS, 2001), o empreendedor é aquele que
destroi a ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, criação de
novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos e materiais.
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2. A FORMAÇÃO EMPREENDEDORA
Segundo o SEBRAE/RJ - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(2004), é de extrema importância a necessidade de uma formação empreendedora para os
atuais e futuros administradores. É fundamental no Brasil promover o Empreendedorismo,
apoiar novos empreendimentos, formar jovens empreendedores, expandir pequenas e médias
empresas.
Há a necessidade de se formar pessoas com novos paradigmas empresariais, que tenham
coragem, força de vontade, comprometimento, que sejam inovadores e criativos, para que
alcancem o sucesso em seu empreendimento. A formação do empreendedor não inclui
receitas infalíveis, entretanto é importante destacar que cada empreendedor desenvolve sua
própria receita de sucesso.
Transformar uma idéia em um negócio é muito difícil, porque, antes de tudo, é preciso
saber aonde se quer chegar e como deseja chegar lá.
Para um bom empreendedor, aprender significa adquirir: conhecimento sobre o negócio;
habilidade para montar, manter e desenvolver um empreendimento; atitude de quem sabe
aonde quer chegar e preocupar-se em fazer bem feito.
Na concepção de Chiavenato (2003, p. 345):
Os empreendedores são heróis populares do mundo dos negócios. Fornecem
empregos, introduzem inovações e incentivam o crescimento
econômico. Não são simplesmente provedores de mercadorias ou de
serviços, mas fontes de energia que assumem riscos inerentes a uma
economia em mudança, transformação e crescimento.
3. O PROGRAMA EMPRETEC
Segundo o SEBRAE/RJ (2002), o método utilizado pelo Programa EMPRETEC tem suas
origens na década de 60, quando o psicólogo David McCleland, da Universidade de Harvard
(EUA), identificou nos empresários de sucesso um elemento psicológico marcante
denominado por ele: “motivação da realização” ou “impulso para melhorar”. A partir daí,
desenvolveu o treinamento da motivação para a realização, cujo objetivo era melhorar esta
característica e torná-la aplicável em situações empresariais.
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Aplicado até o final dos anos 70 em mais de 40 países, o conceito original de McClelland
apresentou resultados positivos na criação e ampliação de negócios, mas sofreu algumas
críticas por estar demasiadamente centrado no pensamento ocidental. Ressalta o SEBRAE/RJ
(2002) que é indispensável estimular e desenvolver as características individuais do
empreendedor, de forma a propiciar sua competitividade no mercado.
4. QUEM PODE PARTICIPAR DO PROGRAMA EMPRETEC?
Segundo o SEBRAE/RJ (2002), podem participar deste programa os empreendedores que
pretendem criar empresas, ampliar ou melhorar o desempenho de seus negócios e que
apresentem potencialidades no que diz respeito às seguintes características comportamentais:
iniciativa na busca de oportunidades; capacidade de correr riscos calculados; persistência;
comprometimento; objetividade no estabelecimento de metas; capacidade para planejar e
monitorar; capacidade para buscar e valorizar a informação; persuasão e rede de contatos;
independência e autoconfiança; exigência de qualidade e eficiência.
5. ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO DA PESQUISA
A pesquisa em questão teve início com a elaboração de um questionário que foi
submetido e aprovado pelos participantes do EMPRETEC, onde foram coletados os dados de
forma quantitativa e qualitativa. Esta pesquisa baseou-se em uma listagem dos 55
participantes do EMPRETEC no ano de 2004, cedida pelo SEBRAE de Angra dos Reis/RJ.
As entrevistas foram realizadas tanto por telefone quanto pessoalmente no período de 07 a
11 de novembro de 2007. Das 55 pessoas participantes do Programa EMPRETEC, 49 foram
entrevistadas e as demais não foram localizadas.
Os dados coletados foram processados e analisados, gerando as informações necessárias
para a elaboração do presente artigo.
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6. ANÁLISE DOS DADOS
FAIXA ETÁRIA
10% 0%
Abaixo de 19
22%
20 a 29
30 a 39
33%
40 a 50
35%
Acima de 50
Gráfico 01 – Faixa etária
Com relação à faixa etária, pode-se observar que 22% dos entrevistados possuem idade
entre 20 a 29 anos, 35% entre 30 a 39 anos, 33% entre 40 a 50 anos e somente 10% estão
acima de 50 anos.
SEXO DOS ENTREVISTADOS
43%
Masculino
57%
Feminino
Gráfico 02 – Sexo dos entrevistados
Observa-se que 57 % dos entrevistados são do sexo masculino e 43% são do sexo
feminino.
ESTADO CIVIL
Casado
14%
10%
0%
47%
29%
Solteiro
Viúvo
Separado
Outro
Gráfico 03 – Estado civil
Em relação ao estado civil, 47% dos entrevistados são casados, 29% solteiros, 10%
separado e 14% estão em outras situações não mencionadas.
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GRAU DE ESCOLARIDADE
Fundamental
6% 4% 4%
Médio
41%
Superior
45%
Pós-graduação
Outros
Gráfico 04 – Grau de escolaridade
Quanto ao grau de escolaridade dos entrevistados, identificou-se que 45% possuem curso
superior e 6% Pós-graduação; 41% cursaram até o Ensino Médio; somente 4% possuem
exclusivamente o Ensino fundamental e 4% outros cursos.
ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Já era
empresário
10%
10%
Não era e
passou a ser
80%
Não era e
continua não
sendo
Gráfico 05 – Atuação profissional
Com relação à atuação profissional, 80% já eram empresários, 10% não eram e passaram
a ser; e 10% não eram e continuam não sendo.
ÁREA DE ATUAÇÃO
2%10%
Comércio
Serviço
29%
59%
Indústria
Outros
Gráfico 06 – Área de atuação
Quanto à área de atuação, 59% atuam na área de comércio, 29% na prestação de serviços,
2% na área da indústria e 10% em outras áreas.
REDE DE CONTATO
12%
6%
Diminui
Aumentou
82%
Permaneceu
Gráfico 07 – Rede de contatos
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82% dos entrevistados afirmaram que, após cursar o Programa EMPRETEC, sua rede de
contatos aumentou, 6% diminuiu e 12% permaneceram na mesma situação.
RECONHECER
OPORTUNIDADES
6%0%
Diminui
Aumentou
Permaneceu
94%
Gráfico 08 – Reconhecer oportunidades
Quanto à capacidade de reconhecer as oportunidades, nenhum deles afirmou que ela
diminuiu; 94% afirmaram que aumentou e 6% que permaneceu inalterada.
CAPACIDADE DE CORRER
RISCOS CALCULADOS
22%
16%
Diminui
Aumentou
Permaneceu
62%
Gráfico 09 – Capacidade de correr riscos calculados
No tocante à capacidade de assumir riscos calculados, 16% disseram que diminuiu; 62%
que aumentou e 22% que permaneceu inalterada.
RESULTADOS FINANCEIROS
OBTIDOS POR SUA EMPRESA
20%
2%
Melhorou
Piorou
78%
Permaneceu
Gráfico 10 – Resultados financeiros obtidos
No que diz respeito aos resultados financeiros obtidos pela empresa, 78% afirmaram que
melhorou; 2% que piorou e 20% não teve alteração.
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RELACIONAMENTO INTERNO
0%12%
Melhorou
Piorou
88%
Permaneceu
Gráfico 11 – Relacionamento interno
Quanto ao relacionamento interno obtido pela empresa, 88% disseram que melhorou e
12% que permaneceu inalterado.
CRIATIVIDADE
20%
0%
Melhorou
Piorou
80%
Permaneceu
Gráfico 12 – Criatividade
Em relação à criatividade, 80% dos entrevistados disseram que melhorou e 20% disseram
que não houve alteração.
NOVOS PRODUTOS/SERVIÇOS
18%
0%
Melhorou
Piorou
82%
Permaneceu
Gráfico 13 – Novos produtos/serviços
Dentre os entrevistados que afirmaram terem ampliado seus mercados, 82% afirmaram
terem criado novos produtos/serviços e 18% permaneceram com os já existentes.
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ALCANCE DE OBJETIVOS
10%
0%
Melhorou
Piorou
90%
Permaneceu
Gráfico 14 – Alcance de objetivos
Em relação ao alcance de objetivos, 90% dos entrevistados disseram que obtiveram
melhores resultados com o treinamento Programa EMPRETEC e 10% afirmaram que não
perceberam melhorias.
7. RESULTADOS DA PESQUISA
Analisando os resultados da pesquisa no âmbito qualitativo, pode-se constatar que o
Programa EMPRETEC causou mudanças significativas na vida de seus participantes, de
acordo com os dados mensurados acima. Para a grande maioria, essas mudanças foram
positivas e contribuíram para o amadurecimento e até mesmo para o crescimento profissional
das pessoas, melhorando fatores importantes como: a criatividade, aumento da rede de
contatos, a capacidade de reconhecer riscos calculados, o reconhecimento de novas
oportunidades para o crescimento do negócio, e, por conseguinte, melhorando os resultados
obtidos pela empresa em termos de relacionamento interno, a criação de novos produtos/
serviços, alcançando assim os objetivos e metas esperadas.
Ao avaliar o comportamento do empreendedor contemporâneo, constata-se a importância
da formação de jovens empreendedores com novos paradigmas empresariais, que sejam
inovadores e comprometidos com seu negócio, que não tenham medo de arriscar, que tenham
metas e objetivos claros e bem definidos.
Constata-se que, com aumento do índice de mudança de paradigmas após a realização do
seminário do Programa EMPRETEC, este cumpriu seu papel de profissionalizar e
desenvolver conceitos de Empreendedorismo entre seus participantes. De acordo com os
resultados da pesquisa, percebe-se que o Programa EMPRETEC abordou de forma clara e
objetiva os principais conceitos de Empreendedorismo.
Com a aplicação e elaboração desta pesquisa, pode-se identificar também os participantes
do curso na cidade de Angra dos Reis e analisar de que maneira a formação adquirida através
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do seminário contribuiu e contribuirá para o desenvolvimento de seus negócios, mostrando a
importância do Empreendedorismo na identificação dos empresários de sucesso e como eles
empreendem em suas empresas.
Destaca-se que, ao avaliar os resultados mensurados nas questões relacionadas ao
processo empreendedor, percebe-se o sucesso do Programa EMPRETEC em Angra dos Reis,
os benefícios gerados pelo curso e os casos de sucesso relatados pelos próprios Empretecos,
expressão criada para designar aqueles que participaram do curso.
8. REFERÊNCIAS
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Elsevier, 2003.
DOLABELA, Fernando. Oficina do Empreendedor. São Paulo: Editora de Cultura, 1999.
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Rio de Janeiro: Campus, 2001.
GOMES, Isabela Motta. Como elaborar uma pesquisa de mercado. Belo Horizonte:
Sebrae/MG, 2005.
MARCONDES, Pyr; Wolheim Bob. Empreender não é brincadeira! Rio de Janeiro:
Negócio Editora, 2003.
SEBRAE-Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Manuais: do
Instrutor e do Participante do Programa Empretec. Brasília: Sebrae, 2002
SEBRAE-Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Formação
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Janeiro:
2004.
Disponível
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Sebrae-Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Aprender a
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São
Paulo:
1999
–
2004.
Disponível
em
<http://www.sebraesp.com.br/topo/produtos>. Acesso em 16 out. 2007.
SALIM, César Simões: HOCHMAN, Nelson; RAMAL, André Cecília; RAMAL, Silvina
Ana. Construindo Planos de Negócios. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2003.
TAPAJÓS, Ronaldo. Apostila Aprender a Empreender. Brasília: Editora Sala Produções,
2005.
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Capítulo 1: Empreendedorismo - Faculdade de Duque de Caxias